quarta-feira, 25 de abril de 2012

My Jazz Singers #4

Hoje comemora-se o 38.º aniversário da Revolução dos Cravos. O que resta do 25 de Abril de 1974? O que realmente se conquistou nesse dia? A resposta a esta e outras perguntas ainda estão gravadas nas músicas e letras de Zeca Afonso. 
Em 2007 foram lançados dois álbuns que homenageavam José Afonso: "C'os Tamaquinhas do Zeca" dos Couple Coffee e "Convexo - A Música de Zeca Afonso" de Jacinta. O primeiro dava às músicas de Zeca um tom brasileiro, com algum samba e muita alegria, mesmo nas letras mais trágicas. O segundo conduzia Zeca ao jazz mais puro, tirando alguns artifícios fáceis da música popular e acrescentando robustez. Tanto um como outro foram parar à minha discografia pessoal não só por gostar dos Couple Coffee e da Jacinta mas também pelo brilhantismo que acrescentaram à memória de Zeca Afonso.
Jacinta tem uma poderosa voz e uma presença em palco que se agiganta. Como qualquer artista de jazz que é prefiro-a ao vivo que em disco de estúdio, mas as bases dos concertos são esses álbuns. Jacinta é das Jazz Singers que mais me encanta e deleita. A primeira vez que a ouvi ao vivo foi no antigo Hot Club, estava então Jacinta grávida e eu no meu primeiro ano de faculdade. Trago-vos aqui  "A Morte Saiu à Rua" do seu álbum de 2007, "Convexo - A Música de Zeca Afonso".  Esta música surgiu pela primeira vez no álbum "Eu Vou Ser Como a Toupeira" editado em 1972 e é dedicada ao pintor, artista plástico e militante do PCP José Dias Coelho, assassinado a tiro a 19 de Dezembro de 1961 por agentes da PIDE na então Rua dos Lusíadas, que hoje tem o seu nome, em Alcântara, perseguiram-no, cercaram-no e dispararam dois tiros, um à queima-roupa, em pleno peito, deitando-o por terra, o outro foi disparado com ele já no chão a morrer.
A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome para qualquer fim

Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue de um peito aberto sai

O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal

E o som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o Pintor morreu

Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale

À lei assassina, à morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou

Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim

Na curva da estrada há covas feitas no chão
E em todas florirão rosas de uma nação

segunda-feira, 16 de abril de 2012

countdown

Today was the day.
Hoje foi o dia. Despedi-me e isso não é o fim do mundo, nem o fim da minha vida. Hoje foi o dia em que dei mais um passo. Sim, para um futuro mais incerto, mas para um futuro com a cabeça e o corpo mais sãos. E hoje recomeça outro countdown. E hoje, mais logo ao final da tarde, começo a fazer um Curso de Noções Básica de Cozinha. E hoje está um dia de verdadeira Primavera, com muito sol e pólen no ar. Já não é sexta-feira 13, dia internacional do beijo, é segunda-feira 16, dia internacional da voz. Estava nervoso, mas a voz não tremei, esteve segura. Continuo nervoso, veremos se mais logo conseguirei dormir.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

filhos e cadilhos

Sempre quis ter filhos. Ainda quero. Não importa se biológico ou adoptado. Desde os 30 anos que esse desejo se vem acentuando. O meu JR sempre torceu o nariz à ideia de ter filhos, se bem que de há uns tempos para cá já é mais favorável.
Não sei se o meu desejo de ter filhos será egoísmo meu ou não, a necessidade latente de preenchimento de alguma lacuna familiar. Por várias razões às vezes penso que estou a ser um egoísta vil e mesquinho. A minha mãe morreu quando eu tinha 12 anos, desde essa altura procuro, inconscientemente, nalgumas mulheres o elo maternal que se quebrou tão cedo. Desde a minha avó paterna - que cuidou de mim e do meu irmão logo após a tragédia e até aparecer a minha primeira madrasta - até à minha avó materna - que cuidou de mim desde que fui viver consigo e o meu avô, tinha eu 14 anos, isto só para dar dois exemplos.
Talvez prefira adoptar por ter sido filho biológico dos meus pais e de criação dos meus avós maternos. Lembro-me vagamente que os meus pais estiveram para adoptar uma menina que teria apenas mais um ano que eu e com a qual criaram afinidade durante um dos meus internamentos ou visitas regulares ao Hospital D. Estefânia. Na altura a menina foi adoptada/acolhida por uma enfermeira e o seu marido que não podiam ter filhos. Felizmente que assim foi e a menina não veio depois a sofrer a perda de outra mãe, já lhe tinha bastado o abandono dos seus pais. É por isso que não compreendo o porquê de negarem a adopção de crianças a pessoas que têm tanto amor para lhes dar...