segunda-feira, 19 de março de 2012

My Jazz Singers #3

Esta rubrica este mês vem mais tarde por causa do dia de hoje...
Ela foi actriz e cantora, foi e é considerada uma das mulheres mais bonitas que já existiu no mundo, bela, sensual, frágil, infeliz, neurótica, dependente de álcool e fármacos, insegura, sem auto-estima, teve problemas com o pai e talvez por isso coleccionou maridos, nunca ganhou um Oscar, mas ganhou a dada altura um Globo de Ouro com um filme que contém uma das cenas mais famosas da sua carreira e participou em dezenas de filmes. Interpretaram-na outras dezenas de vezes, uma das últimas vezes valeu uma nomeação ao Oscar à actriz que fez de si. Marilyn Monroe (ou Norma Jean) dispensa apresentações, faria a 1 de Junho 86 anos. Não foi apenas uma diva, é a personificação do que melhor e pior tem o cinema, nomeadamente Hollywood. Devido à importância que ainda exerce na 7.ª arte é que o Festival de Cannes deste ano lhe dedicou este ano o cartaz promocional.
Como cantora, Marilyn não tinha grande voz, mas deixou-nos músicas e interpretações inesquecíveis, desde o incontornável "Diamonds Are a Girl's Best Friend" ao "Happy Birthday" a JFK. Trago aqui a sua versão de "My Heart Belongs To Daddy" por ser... dia de todos os pais. Não esquecer que o daddy da música não é propriamente o papá, mas um homem mais velho... Este standard do jazz tem letra e música de Cole Porter e foi composto em 1938 para o musical "Leave It to Me!" estreado no mesmo ano na Broadway. A versão da actriz é ligeiramente diferente do original, sobretudo no início, isto deve-se ao facto de fazer parte do filme musical "Let's Make Love" ("Vamo-nos Amar", 1960, de George Cukor). Fica a cena memorável...
While tearing off a game of golf
I may make a play for the caddy
But when I do, I don't follow through
Cause my heart belongs to Daddy

If I invite a boy some night
To dine on my fine food and haddie
I just adore, his asking for more
But my heart belongs to Daddy

Yes, my heart belongs to Daddy
So I simply couldn't be bad
Yes, my heart belongs to Daddy
Da, Da, Da, Da, Da, Da, Da, Da, DAAAAD

So I want to warn you laddie
Though I know that you're perfectly swell
That my heart belongs to Daddy
Cause my Daddy, he treats it so well

While tearing off a game of golf
I may make a play for the caddy
But when I do, I don't follow through
Cause my heart belongs to Daddy

If I invite a boy some night
To cook up some hot enchilada
Though Spanish rice is all very nice
My heart belongs to Daddy

Yes, my heart belongs to Daddy
So I simply couldn't be bad
Yes, my heart belongs to Daddy
Da, Da, Da, Da, Da, Da, Da, Da, DAAAAD

So I want to warn you laddie
Though I know that you're perfectly swell
That my heart belongs to Daddy
Cause my Daddy, he treats it so well

sexta-feira, 2 de março de 2012

New York, New York

O clássico "New York, New York", composto por John Kander, com letra de Fred Ebb e extraído do filme com o mesmo nome de Martin Scorsese é recriado por Carey Mulligan numa cena maravilhosa de "Vergonha" ("Shame", 2011) de Steve McQueen (no vídeo em cima), que tal como a cena de Liza Minnelli no filme de 1977 também irá ficar na memória do cinema. A interpretação amargurada e visceral de Mulligan, de qualidades vocais absolutamente nada comparadas às de Liza, fez-me recordar a Nova Iorque que visitei em 2010 com o meu JR. A cidade que nunca dorme que se vê neste "Vergonha" do artista plástico inglês McQueen, é a mesma que se vê em "Cisne Negro" ("Black Swan", 2010) de Darren Aronofsky. Estas películas mostram a Nova Iorque que eu próprio vi e vivi, mesmo que por poucos dias... Apesar de ser uma cidade encantadoramente rica, bela, maravilhosa e terrivelmente apaixonante e apaixonada, é também, e na mesma medida, uma cidade fria, vergonhosa, despida e sobretudo desprovida de sentimentos. Esta dualidade de sensações é cortante tal como se pode ver nas imagens em baixo. Do lado esquerdo temos uma cena de "Vergonha", à noite e com o protagonista, Michael Fassbender, vencedor da Taça Volpi para Melhor Actor no Festival de Cinema de Veneza, a enfrentar a câmara como que a desafiar-nos, do lado direito temos "Cisne Negro", de dia com Natalie Portman, vencedora do Óscar de Melhor Actriz Principal com esta sua Nina, de costas voltadas a nós e à sua vida interior.
É difícil não filmar ou fotografar Nova Iorque sem o glamour e o fascínio a que estamos habituados ver em filmes e fotografias. Nas imagens de baixo, tiradas por mim e pelo JR na altura, é fácil ver isso... do lado esquerdo, de dia e com um sol esplendoroso, temos o Chrysler Building na sua imponência e do lado direito, de noite e com todo magia das suas luzes, temos o Palace Theatre na sempre estonteante Broadway.
Nova Iorque não é mais que uma mera cidade como Lisboa, Madrid, Paris ou Londres, que de banal não tem nada, mesmo que não se goste não nos é indiferente. Tem defeitos e qualidades, vidas feitas, desfeitas e refeitas, altos e baixos, "Cheia de encanto e de beleza!". Mas completamente e totalmente dilacerante como os olhares cortantes e desesperados de Carey Mulligan e Michael Fassbender no vídeo em cima.
É favor clicar nas imagens para serem vistas e apreciadas com uma definição e qualidade melhores.

quinta-feira, 1 de março de 2012

trabalho por turnos

Trabalho por turnos desde Janeiro/Fevereiro de 2004, ou seja, há 8 anos consecutivos. As únicas pausas são nas férias. Em 2004 comecei a trabalhar por turnos na empresa onde já trabalhava desde Julho do ano anterior. Ao mudar de departamento, mudei de funções e de horários. Na altura os horários não eram tão estanques e tão rígidos como os que actualmente faço. Em 2008, por várias razões, incluindo financeiras, mudei de emprego, deixei a empresa onde estava há mais de 4 anos. Hoje em dia apercebo-me que eu não precisava de mais para ser feliz, ou estar bem. Contudo a mudança naquela altura foi fundamental. 2008 foi mesmo um ano de mudanças, muitas mudanças, que tinha que acontecer e que ainda bem que aconteceram.
Voltando ao trabalho por turnos... é das coisas mais violentas que existem em termos profissionais. Pessoal hospitalar (desde médicos, a enfermeiros e auxiliares), vigilantes e seguranças, empregados fabris, empregados de hotéis, e tantos outros, que trabalham por turnos, são profissionais que têm um desgaste maior, a possibilidade de serem mais infelizes nas suas relações amorosas, familiares e de amizade é menor e deixa-os de fora de uma vida social comum como os comuns mortais. Quando fazemos noites vivemos como morcegos, quando fazemos manhãs acordamos com o nascer do sol, quando fazemos tarde é quando alguém quer ir ao cinema. Ficamos às vezes e por vezes sem sentido de orientação. O desgaste é maior comparado com outras profissões física e psicologicamente com a mesma exigência.
Ando cada vez mais com aversão aos turnos, de nunca ter uma rotina, uma sequência comum. Detesto sobretudo as minhas manhãs, em que trabalho 7 dias seguidos, em que tenho que acordar às 06h, e deitar-me cedo, em que durmo muito pouco, pois o stress e pressão para dormir atacam-me o sono. E para alguém como eu que tem insónias desde a adolescência isto não ajuda. De momento estou na segunda noite de uma série de três, sendo que logo a seguir tenho três dias de folga e posso aproveitar o fim-de-semana para relaxar e divertir-me...